A crise do comércio é do comércio

De quem é mesmo a culpa
Arquivo Mary Melgaço

Tradicional aliado político do prefeito de Ilhéus, o líder do comércio que teria definido a queda de 30 por cento nas vendas e atribuído as dificuldades à crise entre governo, servidores e estudantes não tem pesquisa em mãos que confirmem estes números e atribua a queda a estes motivos.

Jogar a crise do comércio nas mãos da crise institucional é, também, jogar para debaixo do tapete os problemas internos do comércio e a fragilidade de suas instituições. A CDL e a ACI, duas das mais importantes instituições da cidade, não reúnem, juntas, uma centena de associados ativos e adimplentes. Têm mais dirigentes que contribuintes. São instituições que precisam urgentemente passar por uma reforma estatutária e administrativa a fim de atrair novos e velhos associados, construir um plano de desenvolvimento e de modernização do comércio local.

Ademais, para além da ocupação de 100 metros de pista em frente ao Palácio Paranaguá, que outro problema interferiria, diariamente, no comércio, a ponto de uma queda tão significativa nas vendas? O servidor em greve tem recebido salário. Ou seja: o dinheiro está circulando. Estudantes compram neste mesmo comércio tintas, alimentos, tecidos para faixas, cartolinas para cartazes e por aí vai.

A crise no comércio de Ilhéus é do comércio de Ilhéus.

É preciso assumir esta responsabilidade.

A maior parte deste problema está na qualidade do atendimento, na capacidade limitativa das lojas, na fragilidade das entidades e na falta de união do comerciante.

Está na quantidade de pedintes e dependentes químicos nas ruas. Está no número excessivo de ambulantes sem fiscalização (com ou sem greve). Está na falta de dinheiro nos caixas eletrônicos nas primeiras horas do dia. Está no descumprimento no Código de Posturas do municipio, na falta de opções nas compras, na ausência em cursos de qualificação.

A crise no comércio de Ilhéus é do comércio de Ilhéus, repetimos.